Sentir que estou num lugar onde me sinto realmente em casa, de alma, corpo e coração, tem sido uma busca desde a minha infância. E esses sentimentos, assim como muitos outros, só foram legitimados, realmente validados, e, no desenrolar, transformados, depois que comecei a tomar os florais e me aprofundei na sua linguagem de compreensão dos estados da alma.
Desde muito cedo, eram fortes os sentimentos de: “eu não sou daqui”, “eu não pertenço”. Sentia uma não identificação com o que estava à minha volta, paisagem, clima… e, mais ainda, com o que hoje eu chamo de hábitos ou padrões culturais, o estilo e forma de agir das pessoas…
Um constante sentimento de nunca “estar em casa”, de estar sempre num lugar que não era o meu. Raramente aconchegada, mas, principalmente, nunca realmente me identificando.

Para quem nunca sentiu isso, não tem nada a ver com não gostar das pessoas. Quem sofre disso, gosta sim das pessoas, mas esse é um sentimento muito mais fundo, de estranhamento.
A dor de ser “estranha no ninho” desde muito cedo
Ser “uma estranha no ninho” foi um sentimento que inicialmente me trouxe muito sofrimento. Durante muito tempo em minha vida, eu achava que só eu me sentia assim. Achava que isso era muito grave, que eu era uma “desajustada”, que eu tinha sérios problemas que nem sequer podiam ser mencionados. Com isso tudo guardado em mim, me sentia muito triste e isolada.

Mudamos de cidade, de casa e de país muitas vezes, por diferentes razões. Foram inúmeros primeiros dias de escola, entre pessoas que eu nunca tinha visto. Eu era bem sensível (hoje entendo) e introvertida. Era MUITO difícil iniciar novos contatos: era comum eu demorar um ano para começar a ter uma amizade, em geral já perto de ter que mudar e começar tudo outra vez.
Os florais me ajudaram a entender meus sentimentos de Alma
Através da linguagem dos florais, o esclarecimento que recebi foi um verdadeiro milagre de cura.
A sabedoria das plantas nos revela inúmeras nuances dos nossos sentimentos de alma. Entender esses sentimentos e saber que eles PODEM se transformar, foi para mim uma verdadeira salvação.
Ensinamentos da Sweet Pea – Lathyrus latifolius – floral da Califórnia
Com a Sweet Pea, aprendi que muitas vezes esse sentimento de não pertencimento é da alma, e tem raízes em muitas histórias do nosso passado, tanto no da nossa alma em suas muitas jornadas, como nas histórias vividas pelos nossos antepassados.

Por exemplo, se os seus ancestrais mudaram de país, talvez mais de uma vez, e passaram por desafios em sua adaptação à cultura e aos lugares onde vieram a residir, é bem possível que você tenha, em sua memória celular, marcas e registros do impacto dessas experiências e sentimentos.
Cada um, em sua jornada individual, pode vir a entender as várias camadas dessa questão e transmutar a dor e o trauma relacionados à dificuldade de sentir essa conexão de raiz, de pertencimento e de acolhimento entre as pessoas na comunidade onde vive.
Aprendi com ela que precisamos perseverar, pois realmente podemos vir a sentir essa inclusão como um sentimento inteiro, transformado, curado. E que, essencialmente, essa cura se inicia dentro de nós.
A Sweet Pea fortalece nossa disposição interna para entender nossos padrões ligados à conexão com lugar e comunidade, e nos impulsiona a buscar, e encontrar, onde, e com quem, queremos e podemos nos sentir “em casa”.
E que podemos ter a coragem e a ousadia de ir buscar esse lugar e essa comunidade, na qual vamos nos sentimos mais felizes!
Nessa época do ano, ela floresce por toda parte aqui onde vim a residir
Essas semanas, aqui em Santa Rosa, Califórnia, região onde vim a residir quando estava completando 50 anos, a Sweet Pea está florescendo por toda parte, na beira das estradas, nos terrenos baldios, se espalhando, esticando as suas gavinhas e se enganchando na vegetação, até cobrir áreas extensas com suas lindas cores.
Ao vê-la assim tão exuberante, refleti sobre a minha história e senti expandir a minha gratidão pela Terapia Floral, que me levou a encontrar a minha verdadeira família: minha Família de Almas. E que me conduziu aos lugares onde, finalmente, me sinto mais em casa do que jamais!
A Sweet Pea – Lathyrus latifolius fortalece a confiança de que podemos encontrar pertencimento e inclusão na comunidade
A Sweet Pea Lathyrus latifolius é uma trepadeira da família dos feijões (Fabaceae), nativa da Europa, que cresce como planta silvestre em toda a Europa, América do Norte e Austrália, muito bem adaptada, como mato, em todas essas diferentes regiões do planeta.
Com ela, aprendi a aceitar que, como alma, sou realmente viajante e não sou só de um só lugar.
Mas percebi, finalmente, que existem lugares e comunidades na terra onde me sinto bem mais “em casa”, pois me adapto melhor à cultura, à natureza, à paisagem. Em alguns deles, me sinto quase que “parte da paisagem”, por assim dizer.

Hoje, peço a ela que me ajude a estabelecer ligações mais fortes na comunidade onde estou locada, pois é aqui mesmo que eu quero continuar a morar, trabalhar, ter amigos e criar raízes!
Em gratidão a ela, partilho essas imagens e reflexões com vocês.
Maura Lanari diz
Ruth querida, muito especial esse post… E a sincronicidade com meu atual momento foi muito impactante p/ mim. Estou passando uma temporada relativamente próxima a você. Estou em Portland, OR. Na verdade a tempo por aqui já está no fim e com isso muitas dúvidas e questionamentos… Gostaria de conversar com você. Acho que uma consulta via Skype seria ótimo.
Acho que estamos no mesmo fuso… Podemos marcar? Aguardo seu contato. Beijo…saudades!
Aguinailda Maria Rosa diz
Ruth querida, grata pelo belíssimo texto! Vi-me representada nele… essa sensação de ser uma “estranha” me acompanhou durante muuuuuito tempo e, vez ou outra, ainda sinto; mas graças as bênçãos das essências florais esse “estranhamento” diminuiu barbaramente! Beijos carinhosos.
Nicia Amorin diz
Querida Ruth
Que prazeroso ler este seu blog, é estimulante e relaxante, e foi bom conhecer um pouco da sua história.
As vezes nos sentimos mesmo um peixe fora d´água e o seu texto nos ajuda a compreender as possíveis razões. Encontrar o nosso lugar no mundo é a principal tarefa de nossa existência, ou de alguém que já se sentiu dele deslocada.
Que os florais nos fortaleçam sempre.
Obrigada, beijos
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Pois é, Nicia Querida,
Nessa riquíssima jornada de compreensão e alquimia dos nossos sentimentos de alma, muitos aspectos e camadas estão entretecidas.
Quando refletimos sobre “encontrar nosso lugar no mundo”, a gama que se apresenta é enorme.
Existe o lugar físico, geográfico, o local no mundo onde queremos estar. E dentro disso, a questão do vínculo e da nossa relação com esse lugar físico. E, em outros níveis, existe a questão do acolhimento e do conforto interno.
Tocamos também as inúmeras dimensões da nossa relação de alma com a encarnação aqui na Terra. E as muitas nuances do sentimento de “peixe fora d’água”, sobre as quais, posso adiantar, os florais têm um enorme repertório, já bem elaborado, que também pode ser partilhado numa linguagem informal como essa do blog.
Além disso, lidamos com a questão do nosso papel, de como atuamos no mundo.
Ficou grande o espectro, não é mesmo?
Inspirada pelo feedback de vocês, vou buscar desenvolver mais reflexões, detalhando vários desses aspectos e os arquétipos dos florais associados a eles. Acho que você vai gostar.
Um abraço afetuoso,
Ruth
Rosana Souto diz
Muito lindo, querida Ruth!!
Que bom saber que ¨te inspirei¨ a escrever sobre a nossa querida Sweet Pea. Creio que temos muitas figurinhas a trocar sobre ela também.
A Sweet Pea foi uma grande essência a fazer parte do meu caminho de cura com as essências florais, especialmente, nestes últimos anos de muitas “andanças”. Ela ajudou-me a ver que a casa onde moro atualmente é a Terra e, sim (!): como toda casa, tem lugares que a gente gosta mais de ficar.
Obrigada pelas lindas imagens! A Sweet Pea certamente agradece as suas lentes: do passado e do presente.
Bjs no seu coração.
Com carinho e admiração!
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Querida Rosana, que coisa boa receber seu comentário.
Fiquei com muita vontade de conversar mais sobre esses sentimentos de alma. Um tema interessante, inclusive, para ser desenvolvido num curso, no qual vários matizes dessas questões podem ser abordados.
Foi uma alegria ter essa oportunidade de fotografar a Sweet Pea nesse domingo. Espero encontra-la ainda fresca nos próximos dias e continuar o ensaio sobre a sua assinatura.
Um abraço afetuoso, com igual respeito, carinho e admiração,
Ruth
maria siqueira diz
Que delícia de leitura!!!!
desde ontem estou namorando a postagem…me deliciando, rs!!!!
Eu fui assim como vc, na minha infância…
Eu me sentia um peixe fora d’água, em Minas Gerais, onde nasci…Amava a todos, mas, ali não era meu lugar de conforto…
Só me encontrei qdo vim morar no Rio de Janeiro, em 1970…aqui construí , minha família, meu grupo de almas, meu sentimento de pertencer à terra… Nunca tomei Sweet Pea, nem a indiquei a ninguém…Mas, atualmente, me sinto, de novo, em busca de meu lugar no mundo, de meu grupo…tenho me sentido isolada, meio que sozinha, embora continue amando as pessoas e a cidade … Sinto que vou tomar Sweet Pea + Spreadding Phlox, rsrsrs!!!! Obrigada!!!! bjs
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Maria,
Sabe que desde o dia do seu aniversário, que ocorreu num momento mais atribulado, estou para enviar de presente (no Facebook) uma flor. Pois agora já sei qual é!!
Pois os florais nos guiam mesmo que não sejam usados diretamente: eles são como mestres, não é mesmo?
Sua idéia de unir a Sweet Pea à Spreading Phlox nesse momento me parece muito boa, pois fazemos ciclos, em diferentes “oitavas”, ao processar nossas questões de alma, ciclos esses que você, como terapeuta floral, certamente conhece mais que bem!
Um grande abraço solidário,
Ruth
Ariana Schlösser diz
Lindo Ruth! Gratidãoooo e um mega beijo!
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Obrigada, Ariana!
Fiquei feliz com a oportunidade de conhece-la no evento em São Paulo.
Um super beijo,
Ruth
Maria Eliane Macedo Sá diz
Olá Ruth, obrigada por compartilhar sua experiência com a Sweet Pea, ela é muito rica de aprendizados! Há pouco tempo precisei fazer uso da Sweet Pea pela primeira vez, por um forte desconforto que estava vivendo, relacionado ao tema de repente ter que mudar de casa.
Fiquei agradavelmente surpresa com o efeito de Sweet Pea, que me trouxe um sentimento de pertencimento e confiança que tem ajudado bastante a eu encaminhar a situaçáo com serenidade.
Bjss.,
Maria Eliane.
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Maria Eliane,
Obrigada pelo seu relato, que mostra uma forma tão precisa e curativa de uso do floral da Sweet Pea.
Ele vem para enriquecer o Blog, que muitas vezes é visitado por pessoas que querem aprender sobre os florais.
Te envio um grande abraço!