Entre os florais da Califórnia, a Shasta Daisy figura entre as estrelas principais, ao mesmo tempo em que serve como coadjuvante em muitas fórmulas. Sua essência faz parte dos primeiros florais criados por Richard Katz e Patricia Kaminski, sendo, na época, a única preparada a partir de uma planta cultivada, enquanto as outras eram feitas com flores que cresciam silvestres nos campos.
Anos depois, eles vieram a entender o porque dessa mensagem, que vinha de forma tão clara e insistente: é essa, e nenhuma outra, a margarida com a qual essa essência deve ser preparada.
Flor em forma de mandala, expressa princípios de uma ordem maior
Como floral, trata-se de uma essência preparada a partir de uma margarida grande e clara.
Sua forma é de uma mandala: pétalas brancas bem definidas e um centro amarelo ordenado pela harmonia da regra de ouro, um princípio que permeia todo o universo. Como floral, ela ordena os pensamentos, que passam a abranger o todo, integrando cada uma de suas partes. E muito mais…

Uma flor criada ao longo de 17 anos no laboratório vivo da Natureza
Pois aqui vai a história de como essa flor foi cocriada por um brilhante ser humano, há mais de um século. Ela foi o que podemos chamar da “menina dos olhos” do gênio criativo de Luther Burbank.
Seu objetivo era desenvolver uma margarida ideal, que teria maior presença e alvura do que as pequenas margaridas que cresciam no mato na região onde ele morava.
Ele começou com a Oxeye daisy (Leucanthemum vulgare) que nascia no mato ali em volta, e fez a inter polinização dela com a margarida do campo inglesa (Leucanthemum maximum). Dali, selecionou as melhores e polinizou-as com uma margarida do campo Portuguesa (Leucanthemum lacustre) ao longo de seis anos. Estas floresceram muito bem, mas mesmo assim, ele ainda queria mais branco e mais brilho. Para isso, escolheu a melhor das que tinha e polinizou-a com uma margarida do campo Japonesa (Nipponanthemum nipponicum) de pétalas muito brancas.
Finalmente, em 1901, Luther Burbank se deu por satisfeito, e ofereceu essa margarida híbrida ao mundo, chamando-a de Shasta Daisy em homenagem ao Mount Shasta, majestosa montanha vulcânica sempre coberta de branca neve reluzente.
Desenvolvida por Luther Burbank, um gênio apaixonado pelas plantas
Nascido em 7 de Março de 1849, Luther Burbank foi um pioneiro na ciência da agricultura, sendo um homem à frente de seu tempo, dotado de brilhante gênio criativo.
Clique aqui ou na foto acima para ver o vídeo de Rob Olmsted sobre Luther Burbank.
Começando sua vida no estado de Massachusetts bem ao norte na costa Leste dos Estados Unidos, desde jovem iniciou-se no caminho de criação de espécies híbridas de plantas alimentares. Sendo muito bem sucedido nessa etapa inicial, num movimento arrojado, mudou-se para Santa Rosa, na Califórnia, para poder interagir com as plantas contando com uma estação de cultivo mais longa.
Figura expressiva num mundo em rápida transformação, Luther Burbank tornou-se conhecido além das fronteiras dos EUA e se relacionou com homens ilustres tais como o Thomas Edison, inventor da lâmpada, câmera de filmar, etc, Henry Ford criador do automóvel, a escritora cega Hellen Keller, e o iogue Paramahansa Yogananda (veja as fotos clicando nos links). Em seu trabalho, Luther combinava sua compreensão das novas descobertas da ciência (as teorias de Darwin, na época), com sua sensibilidade para perceber e acompanhar a evolução das plantas e do mundo vivo à sua volta.
Em seus muitos anos de atividade produtiva, Luther desenvolveu inúmeras variedades de plantas comestíveis, árvores frutíferas e flores, fazendo isso de forma altamente intuitiva, numa constante e incansável interação criativa com as plantas.
Estudo da Shasta Daisy, sua assinatura e múltiplos usos
Os muitos níveis de estudo e pesquisa de uma planta como floral
Richard Katz e Patricia Kaminski, cocriadores e produtores dos Florais da Califórnia, ao longo de 3 décadas de dedicação como educadores, aprimoraram contribuições singulares que nos ajudam a compreender os vários níveis de pesquisa que conduzem à identificação das qualidades dos florais. Até hoje, ninguém clarificou esse processo de forma tão completa quanto eles.
Um dos pilares de seu material educativo é o texto As Doze Janelas de Percepção da Planta, cuja aplicação prática constitui parte básica do Curso de Formação de Practitioner oferecido em Português por professores autorizados em todo o Brasil, assim como pelos criadores nos EUA. Para os que podem ler o texto em sua versão original, este é um link para o texto em inglês.
Família botânica: qualidades partilhadas por todas as Asteraceae
As margaridas são da mesma família botânica que os girassóis, as zínias e a cosmos, flores em forma de estrela, com um centro composto de muitas diminutas floresinhas. Com frequência exibem a assinatura típica de um caule vertical firme, e uma flor com forma de mandala.

Algumas qualidades se tornam comuns aos florais de uma mesma família. Neste caso da família Asteraceae, podemos dizer que todas as suas flores emanam qualidades integradoras (mandala).
Simultaneamente, elas nos integram com nossa “estrela” essencial, a essência de quem somos, alinhando-a ao mundo à nossa volta (plano ou eixo horizontal), e com a nossa conexão tanto com a Terra como com o Plano Espiritual (eixo e integração vertical).
De forma organizada, refletindo a estrutura que lhes é característica, todas as plantas dessa família, como floral, oferecem qualidades integradoras. Além disso, cada flor específica, em sua diferenciação, oferece qualidades próprias, relacionadas às suas características singulares que incluem sua cor, ambiente onde nascem e a assinatura da planta como um todo.
A Shasta Daisy, de botão a flor aberta: compreenda suas qualidades a partir da observação atenta de sua assinatura
Desde Paracelsus, estudiosos das plantas buscam observar suas características e, através do que foi chamado de sua “assinatura”, conhecer as propriedades que elas oferecem para ajudar os seres humanos em diferentes níveis e tipos de utilização.
Nesse vídeo de 2 minutos, observe a Shasta Daisy em sua forma, estrutura, cor e gesto.
Veja o vídeo em alta resolução e amplie para que ele possa encher a sua tela!
- veja como ela se abre para a luz, de botão a cálice, a flor aberta
- repare que existe somente uma flor em cada caule, e bastante espaço arejado entre elas
- cada uma tem um caule ereto, firme, estruturado
- o centro é formado de muitas floresinhas, num arranjo espiralado
- elas gostam de espaço aberto e ensolarado
Acrescente a essas observações outras que você tenha percebido.
E leia sobre as suas qualidades como floral sob a luz de suas observações da assinatura da planta.
Múltiplos usos do floral da Shasta Daisy
Enxergar o todo e suas partes
- apreender a visão do conjunto e enxergar cada uma das partes articuladas nesse todo
- manter essa noção de conjunto, trabalhar cada detalhe com a consciência de sua interligação e impacto sobre o todo
- cuidar e administrar conjuntos complexos de forma eficiente, mantendo a visão do todo e sabendo dar a atenção adequada a cada parte
Se apropriar de conhecimento e produzir a nossa própria síntese
- ser capaz de apreender e incorporar conhecimento
- ajuda na apropriação de conhecimento, na ordenação interna daquilo que aprendemos, assim como na capacidade de produzir nossa própria síntese
- manter em mente o quadro geral dos assuntos tratados e ser capaz de produzir a síntese
Organização, Planejamento, Priorização
- organizar e planejar sua vida a partir de uma visão abrangente
- integrar uma visão do todo das questões de nossa vida, sabendo cuidar dos detalhes dentro do quadro geral das questões e coisas
- manter essa visão de conjunto e a percepção clara de todos os detalhes que requerem atenção
- perceber a importância relativa e o momento adequado para cada coisa; poder planejar sem deixar escapar aspectos importantes que afetam outros aspectos
- se organizar para dar conta de tudo o que está acontecendo; cuidar de todos os detalhes entendendo como encaminhar o todo na direção desejada
- cuidar do todo e de todas as partes com competência e visão
- ajuda a fazer síntese e tratar do trabalho como um todo de uma forma organizada e integrada
Integração pessoal
- religando todas as partes de seu ser
- encontrar a integração dos diversos aspectos e facetas de você mesma/o
- se organizando interiormente, sentindo-se articulada/o e ordenada/o interiormente
Oferecendo ao mundo a síntese de sua própria história e contribuição
- reunindo seus talentos e qualidades num todo integrado; atuando no mundo a partir desse conjunto integrado de qualidades e dons
- sintetizando sua história de vida
- bom se você quiser escrever sobre partes significativas de sua história, escrever folhetos e / ou um site sobre sua vida e seu trabalho atual
Margarete Jacob diz
Parabéns pelo lindo texto. Como todos os comentários acima é de grande beleza e cuidado suas palavras. Vim buscar um sentido a mais para este floral que o conheço a muito tempo e achei muitos que me completaram ainda mais. Acredite, seu conhecimento deixado aqui é atemporal. Gratidão
Gui diz
Ah Ruth! Este é o melhor presente de ano novo que recebi! Todos sabem que esta flor/floral é o que mais me identifico e o que me identifica no mundo da terapia floral. Poucas vezes vi um trabalho que integra estética,sensibilidade e beleza, tanto nas imagens quanto nas palavras. Neste momento estou “tomada” pela força suave da shasta daisy. Grata querida!
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Minha Querida Gui,
Pois então este é presente recíproco, pois fico imensamente feliz ao ser relembrada do fato de que essa é uma das flores mais próximas ao seu coração.
Que eu possa continuar oferecendo e recebendo de volta presentes que nos tornem cada vez mais próximos da riqueza dos Arquétipos das plantas e seus florais. E que me façam estar ainda mais perto e pessoas queridas como você!!
Ana Maria Teresa Nasser Furtado diz
Que forca tem essa flor.Pelo video pude sentir a luz e o calor que a empurravam de dentro para fora.
Li tambem o seu comentario e quero Lembrar-me dele em nossa proxima consulta de florais!
Obrigada,Ruth,pela licao tao dedicada e amorosa.
Ana
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Ana Querida, muitíssimo obrigada pelo comentário tão pertinente. Adorei essa imagem da luz e do calor empurrando a flor de dentro para fora!!
Um abraço carinhoso com muita apreciação e respeito, sempre,
Ruth
Vania Grande diz
Parabéns, ótimo texto, muito especial, sensível e belo!
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Muito feliz com a sua visita, Vania! Obrigada por deixa-la registrada!
E parabéns pelo lindo trabalho que você vem fazendo, sobre o qual soube durante o curso de Patricia e Richard em São Paulo.
Aproveito para inserir o link facilitando o acesso aos interessados no belo trabalho assistencial ao qual você nos apresentou e no qual os florais tem papel importante:
Sobre o trabalho social no qual a Vania contribui com os florais e tem importante papel – no blog da Healing
Obrigada por servir de forma tão bonita à Terapia Floral.
silvia Merkel diz
Que compendio maravilhoso voce esta fazendo! Quanto amor!!Parabens Ruth!
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Seu comentário me toca, pois sinto nele a compreensão da magnitude da dedicação envolvida nessa produção.
Silvia, admiro muito o seu belíssimo trabalho como educadora e artista. De maneira semelhante, posso dizer usando uma expressão daqui, que a nossa produção “is not for the faint of heart”, pois pede um tipo de esmero criativo, uma paixão dedicada a cada peça que exige plenitude de coração!
Convido você a divulgar seu poderoso e curativo trabalho com links nesse espaço.
Obrigada pelo testemunho!
Ruth
Teresinha diz
Penso que o floral Shasta Daisy deva ter prioridade nos dias de hoje. Uma maior consciência para humanização do planeta. Grata pela informação.
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Excelente observação, Teresinha. Tão importante que possamos ter essa consciência de que estamos interligados e tudo afeta a tudo!!
Obrigada pelo comentário!