Glastonbury, cidade na Grã Bretanha situada numa planície que dizem que já foi mar (próxima ao canal que separa a ilha da Irlanda) longe das ferrovias e das áreas industriais, tem grande tradição, ao longo dos séculos, como lugar de peregrinação e busca de conexão com o sagrado.
Eu pouco sabia sobre isso e nunca havia me interessado especialmente. Confesso que tinha até um certo preconceito, ao ver a associação desse lugar a certas “experiências espirituais” embaladas num marketing padronizado e comercial, num estilo que nunca me atraiu.
Cheguei ali sem expectativas e só vim a ler sobre a história do lugar e suas lendas mais adiante, naquela primeira noite, após ter sido tocada pelas vivências que irei relatar.
Inspirada pelas experiências que vivi, só então, e avidamente, fui lendo os capítulos de um livro digital que trazia comigo e tudo foi fazendo sentido, inclusive o motivo que me levou até lá.

Diz a lenda que a cidade foi construída sobre a ilha de Avalon, que hoje só existe no plano invisível. Sua história é profundamente imbuída de imagens e personagens que incluem Merlin, o Rei Artur, o Cálice da Última Ceia (do Santo Graal) e um início muito antigo do Cristianismo na Inglaterra.
Cheguei cética, sem fantasias. Era tão pouca a minha expectativa que, logo após a chegada com um pequeno grupo, no meio do dia, com uma amiga nova no lugar e mais uma que já havia estado lá, fui passear pelo centrinho da cidade para olhar as livrarias e as lojinhas de presentes.
Vimos um misto de muito daquilo que não me atraia, com algo mais: variados objetos associados à prática da magia, dos sutis aos mais grotescos. E também diversos livros relevantes, de bom conteúdo, lindas imagens e registros de trabalhos autênticos de conexão com o Feminino Sagrado.
Continuei sem expectativas mas já inspirada por algumas imagens e símbolos. Comprei lindos cartões e, sem mais lojas para ver… nos deparamos com a entrada do museu da antiga Abadia de Glastonbury. Sendo esse um lugar de “visita obrigatória”, resolvemos nos adiantar e entrar, e foi aí que a primeira experiência significativa para mim realmente se iniciou.

Em silêncio, cada uma por si, adentramos os espaços maiores onde, ao longo do tempo, foram construídos, destruídos e reconstruídos locais de oração, devoção e serviço de ajuda aos necessitados. E onde hoje existem fundações e fragmentos das ruínas.
Eu nada sabia sobre a história quando adentrei o espaço e recebi o impacto imediato: percebi perfeitamente a totalidade da grande construção, em sua geometria sagrada. Ela estava ali inteira, poderosa, viva e intacta em seu campo luminoso.
Minha amiga Rita Minas, que, em paralelo, viveu a mesma experiência assim se expressou: – “Aquilo que foi construído (na Luz) não pode ser destruído”.

Na mesma noite, ao ler sobre a história do monastério e da região, tudo ficou mais claro. A construção de Luz ali é rica em camadas e desenhos, pois foi desenvolvida (no Plano Invisível) ao longo de muitos séculos, pela mais pura devoção de inúmeros seres dedicados à prece, à elevação e à conexão com Dimensões altas de Luz, Graça e contato com o Sagrado.
Eu ainda não tinha essas informações e ali, humildemente me calei e absorvi a experiência, tocada que fui pela autenticidade e beleza do que vi/senti nas dimensões invisíveis.
O que percebi e me tocou de forma tão direta não tinha a ver com as instituições, com hierarquias e práticas da Igreja ou com instituições de diferentes épocas. Era uma clara conexão com harmonias e ordens de bênção, de graça, de sabedoria – grandes formas geométricas luminosas – que a arquitetura das catedrais materializa apenas parcialmente.
Talvez formações e informações que existem em outra dimensão, na dos Registros Akashicos…
Dizem que nessa região, Avalon, o véu que separa as dimensões é muito tênue. E acabávamos de ter, de forma inesperada, uma experiência direta exatamente disso.

Ainda na mesma tarde, visitando outras partes do que resta da Abadia de Glastonbury, ao me sentar na cozinha, um edifício separado que é o único que permanece ali inteiro, tive a sensação de como tinha sido passar a vida nesses lugares. Foram memórias evocativas de longos períodos em vidas dedicadas a servir, à contemplação e à prece.
Era parte disso o cultivo das plantas medicinais em meio à vitalidade de jardins cheios de plantas úteis, o preparo de misturas de ervas para cuidar dos necessitados, o cuidado no preparo da comida, na condução e preservação da limpeza das águas. Lembrei com muito carinho e saudade desses momentos vividos, talvez ali, mas também em outros monastérios, em segurança, numa comunidade de irmãos dedicados à mesma busca de doação e conexão com o sagrado.

Na Grã Bretanha, ao longo do tempo, capelas, igrejas, monastérios e catedrais foram construídas em locais onde antes existiam poços considerados sagrados, que atraiam pessoas de muitos lugares buscando a cura e a prática de rituais.
Depois vim a ler mais sobre isso e relacionei com o que aprendi, dias antes, com Julian Barnard, quando ele nos falou sobre a essência Rock Water, citando orientações do Dr Bach que sugerem a relação com poços e nascentes considerados locais sagrados de cura antes da era cristã.
A seguir, no próximo post, vou chegar nas fontes e águas que curam, especialmente no Chalice Well, a vivência seguinte (pouco tempo depois) que muito me tocou.

Leia mais adquirindo o livro digital Glastonbury, Avalon of the Heart escrito por Dion Fortune, psiquiatra, professora e autora de muitos livros sobre espiritualidade e os caminhos iniciáticos, que morou em Glastonbury por muitos anos e tinha residência na casa onde hoje é o Bed and Breakfast no qual nos hospedamos, bem em frente ao Chalice Well.
Vera G von Sothen diz
Querida Ruth,
obrigada por compartilhar conosco a sua experiencia tao especial em Glastonbury.
Você mencionou que iria contar no próximo post sobre a sua vivencia no Chalice Wells, mas eu não encontrei esse post. Você chegou a escrever?
Grande beijo
Vera
Eliane Costa diz
Querida Ruth, toda sua experiencia neste local me encanta! Quero retornar la com o toque de sua visao! Aberta a novidades de um passado que nao me abri para acessar os registros das memorias! Toque sutil de sua escrita gentilmente ancorada! Beijos, grata pelo seu gesto de amor ao compartilhar seu olhar e experiencia! _/|\_
Maria Rachel Cedro diz
Cara Ruth,”quase”Estive com voce em Glastonbury tamanha a forca da sua expressao.Acompanhei essa viagem a tempos imemoriais atraves de uma sintonia espiritual.Muito grata por compartilhar suas experiencias.Aguardo com curiosidade o proximo relato.Abracos.Rachel Cedro.
katia diz
Maravilhosa a sua narrativa sobre Glastonbury.
Algo dentro de mim sempre falava para ir conhecer este local. Anos atrás tive a oportunidade de conhecer Avalon e o misty tão famoso.
Ao chegar no local, tive uma emoção tão forte, abraçava cada parede e falava que tinha votado para casa.
Lá é tudo de excepcional, os seus encantos.
A minha casa em outras vidas. É tão bom voltar as origens.
Obrigada por compartilhar as suas maravilhosas experiencias nesta terra tão espiritual.
Um grande abraço
Ana Cristina Zeidan diz
Querida Ruth, mergulhei profundamente na leitura do seu relato e pude sentir claramente o que seria uma vida comunitária em monastérios ou pequenas comunidas, um cuidado mútuo entre todos os Seres de Luz, plantas, homens, mulheres e nascentes de àgua da Terra. A sensação foi muito boa! Muito obrigada em proporcionar essas emoções através de seus relatos. Muita Luz no teu caminho, Ana Cristina Zeidan.
Ruth Amorim Toledo Altschuler diz
Querida Ana Cristina,
Fico tão feliz com o seu depoimento! Tenho certeza que isso teve ressonância para você porque é também uma memória de alma.
Aprecio MUITO a generosidade do seu coração e sua atenção em deixar registrada a sua experiência. It means a lot to me!
Um grande abraço,
Ruth